quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Desventuras de uma "pessoa com desemprego"

Primeiro ponto: porquê "pessoa com desemprego" e não desempregada? Pelo mesmo motivo que prefiro "pessoa com deficiência" em vez de deficiente ou "pessoa com esquizofrenia" em vez de esquizofrénica. Porque, assim como uma deficiência, perturbação ou doença não define essas pessoas (elas são muito mais do que isso), o desemprego também não me define. Estou desempregada, não sou desempregada! E não só pelo carácter provisório (e curtinho, espero!!!!!) desta situação, também porque, enquanto dura, continuam a haver outras dimensões da minha pessoa, que insisto em valorizar!

Posto isto, passo a contar-vos a desventura de hoje.

Estou desempregada há dois meses, trabalhava a recibos verdes há dois anos e, apesar de ter sido sempre para a mesma entidade, só descontei para a Segurança Social nos últimos dois meses, pelo que não tenho direito a subsídio de desemprego. Seja como for, hoje fui à primeira convocatória do IEFP. Não sabia bem a que ia - lembrei-me de uma vez quando, recém-licenciada, fui a uma ação de divulgação da Força Aérea - mas previ logo que não fosse muito útil...

O local ficava a 30 minutos a pé (a uma velocidade acelerada) de minha casa, e decidi mesmo deslocar-me dessa forma, uma vez que estava sol, que o caminho é quase sempre a descer e que não valia a pena estar a gastar 2,20€ para perder uns minutos da minha vida...

Tinha razão - claro! A reunião serviu para nos dizer que havia um Gabinete de Inserção Profissional na área. E que, ainda por cima, não têm grande oferta para pessoas com formação superior (que julgo que era o caso de toda a gente que foi à reunião). À exceção de ofertas para o estrangeiro. Mas que aparecêssemos por lá na mesma, só para conhecer... Para conhecer? Para desabafar e fazer um bocadinho de catarse inútil com as técnicas?! A sério, o IEFP deve achar que as pessoas com desemprego são meros desocupados e que isso pode promover comportamentos desviantes e que, portanto, têm que ser ocupados a toda a força, nem que seja através de reuniõezinhas que não servem para nada!! Como se não bastasse, estava lá uma senhora de 48 anos com um discurso derrotista, sempre seguido de "desculpem, eu sei que estou a ser desagradável, eu até nem sou uma pessoa pessimista, mas...".

O IEFP não está adaptado para responder às necessidades de licenciados desempregados. E isto custa a crer, principalmente tendo em conta o número enorme e enormemente crescente de pessoas nesta situação. Desde há muito tempo que sinto isto: nem em termos de formação nem de (re)inserção profissional. Temos a exceção dos estágios profissionais. Mas e daí? O problema não se esgota! Eu fiz um estágio profissional em 2008/2009 e estou assim, agora! Se fosse uma empresa privada, já teria ajustado as suas respostas à realidade e ao mercado atual - ou falia! Mas as entidades públicas não precisam disso. São cegos e surdos face ao que os envolve e prestam um mau serviço. É revoltante e vergonhoso.

Resultado: voltei para casa a pé (quase sempre a subir!!), pois recusei-me a gastar dinheiro (no autocarro) com esta saída inútil e depressiva.

Cheguei derrotada. Por tudo.


2 comentários:

Li disse...

Pois...não sei o que isso é porque nunca estive desempregada, mas imagino que seja uma frustração enorme, ainda por cima com pessoas assim a lidar com quem está desempregado.
Coragem! :)
Bom fim de semana

A mais velha disse...

sim, é necessário um otimismo delírico para viver neste País com um sorriso na cara... o que vale é que já estamos todos loucos! :p obrigada, lilipat2008!