sábado, 10 de março de 2012

Livros de volta à prateleira XXIII

"Por acaso. Casos de visa, casos de morte", Lara Morgado

Não tenho muito a dizer, só a pensar. Tudo é um acaso? Decidimos verdadeiramente alguma coisa? Ou antes, podemos verdadeiramente tomar decisões livremente? Onde fica o conceito de "destino" no meio disto tudo? Existe o "livre arbítrio"? Como?, se o acaso, em última instância, nos retira aquilo que, na nossa ilusão, define a nossa identidade: a liberdade. Posso ser eu, porque tenho liberdade para isso. Se nos falhar a liberdade, não podemos mostrar-nos, ninguém nos conhece, talvez nem nós próprios... Porém, se é algo completamente ocasional, como uma carta no caída chão, que marca as nossas decisões, será que, no fundo, estávamos destinados a tomar aquela decisão? Será que, se houver uma entidade que saiba absolutamente tudo, passado e presente e todas as linhas que se encadeiam e entre-cruzam, essa entidade pode prever tudo o que acontece. Sei que estou a afastar-me daquilo que a autora propõe como conclusão, mas foram estas as reflexões que fiz, com um certo desconforto, ao fechar o livro. De qualquer forma, não passam (e dificilmente passarão) de questões em aberto. O importante é que a resposta está em nós. E, parece-me, não é por acaso...

Já agora, pormenor: por acaso, a autora tem a mesma profissão que eu, formou-se na mesma faculdade que eu (onde me lembro de ter participado num workshop dinamizado por ela), tirou a mesma pré-especialidade que eu, estagiou no mesmo sítio que eu, e até uma parte do seu percurso profissional é semelhante ao meu. Só não sei se vou desenvolver a coragem de escrever um livro tão cedo como ela! :)

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