domingo, 15 de janeiro de 2012

Garrett.

"O coração humano é como o estômago humano, não pode estar vazio, preciso de alimento sempre; são e generoso, só as afeições lho podem dar; o ódio, a inveja e toda a outra paixão má é estímulo que só irrita, mas não sustenta. Se a razão e a moral nos mandam abster destas paixões, se as quimera filosóficas, ou outras, nos vedarem aquelas, que alimento dareis ao coração, que há-de ele fazer? Gastar-se sobre si mesmo, consumir-se... Altera-se a vida, apressa-se a dissolução moral da existência, a saúde da alma é impossível.
O que pode viver assim, vive para fazer mal ou para não fazer nada.
Ora o que não ama, que não ama apaixonadamente, seu filho, se o tem, sua mãe, se a conserva, ou a mulher que prefere a todas, esse homem é o tal, e Deus me livre dele.
Sobretudo que não escreva: há-de ser um maçador terrível. Talvez seja esse o motivo da indefenida permissão que é dada aos poetas de andarem namorados sempre."

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