terça-feira, 25 de maio de 2010

Livros de volta à prateleira XII


Finalmente!! (fogo-de-artifício e coisa-e-tal...)
Não é um bom livro para se ler quando os nossos neurónios estão sedentos de descanso... Mas recomendo vivamente! Como esperava, é brilhante e abre-nos os olhos para o modo como se intrincam e interligam duas áreas que insistimos em separar: a "razão" e o "coração". Mas atenção: é um livro dedicado apenas a quem se interessa e até se fascina pelo estudo do sistema nervoso. Para estes, é leitura obrigatória!

E como estamos no cantinho de uma recém-Psicóloga e de uma futura-Médica, nada mais apropriado do que soprar-vos estas palavras, directamente vindas do Epílogo (não se preocupem, não revelam nada do resto do livro):

"Há algo de paradoxal na nossa cultura relativamente à conceptualização da medicina e relativamente aos seus profissionais. (…) Poucas escolas de medicina oferecem actualmente aos seus estudantes qualquer formação acerca da mente normal, formação essa que pode ser fornecida apenas num currículo com fortes componentes em psicologia geral, neurofisiologia e neurociência. As escolas de medicina proporcionam estudos da mente doente que se encontra nas doenças mentais, mas é espantoso ver que, por vezes, os estudantes começam a aprender psicopatologia sem nunca terem aprendido psicologia normal. (…) Ao longo dos três últimos séculos, o objectivo da biologia e da medicina tem sido a compreensão da fisiologia e da patologia do corpo. A mente foi excluída, tendo sido em grande parte relegada para o campo da religião e da filosofia, e, mesmo depois de se ter tornado o tema de uma disciplina específica, a psicologia, só recentemente lhe foi permitida a entrada na biologia e na medicina. (…) O resultado de tudo isto tem sido uma amputação do conceito da natureza humana com o qual a medicina trabalha. Não surpreende que, de um modo geral, as consequências do corpo sobre a mente mereçam uma atenção secundária, ou não mereçam mesmo qualquer atenção. A medicina tem demorado a aperceber-se de que aquilo que as pessoas sentem em relação ao seu estado físico é um factor principal no resultado do tratamento. (…) Começa, finalmente, a ser aceite o facto de as perturbações psicológicas poderem provocar doenças no corpo, mas continuam por estudar as circunstâncias em que isso se verifica e o grau que atinge (…) Não prece provável que diminuam, a breve trecho, a proclamação de sentimentos feridos, a procura desesperada da diminuição da dor e do sofrimento individuais ou o chorar inarticulado pela perda do equilíbrio e felicidade interiores nunca alcançados, a que a maior parte dos seres humanos aspira. Seria absurdo pretender que a medicina curasse sozinha uma cultura doente, mas é igualmente absurdo ignorar esse aspecto da doença humana."


2 comentários:

A mais nova disse...

tenho de actualizar a mina cena, por falar nisso... acho q não vou ler o erro agora, em época de exames seria exactamente isso. um erro.

Engenheiro disse...

Acho que devias ter introduzido este link - http://www.youtube.com/watch?v=0MYzkBiJn5Y - como música de fundo enquanto se lêem essas palavras.